Acima de 80 km/h, mais da metade do combustível gasto por diversos veículos é destinado a vencer a resistência do ar, ou a força de arrasto.
Caminhões em estradas, que trafegam em velocidades médias elevadas, podem reduzir o arrasto pelo uso de defletores, e diminuir o consumo de diesel importado.
Arrasto é a resistência do ar que se opõe ao movimento dos veículos e que cresce fortemente na medida em que a sua velocidade aumenta.
Bolas de golfe, graças à superfície com pequenas cavidades, sofrem menos arrasto e alcançam mais que o dobro da distância de uma bola lisa.
Sim, a busca da eficiência energética nos transportes deve considerar esse aspecto como fator da maior importância: como projetar e adaptar veículos de modo que sofram menor resistência do ar?
Examinar e discutir formas de aumentar a eficiência energética do transporte automotivo pelo uso de estruturas e superfícies que permitam a redução do arrasto é o objetivo primordial do Seminário Resistência do Ar e Eficiência Automotiva.
A resistência do ar ao deslocamento dos veículos aumenta com a velocidade; acima de 80 km/h, essa força responde por mais de metade do consumo do combustível.
A força de arrasto para os carros de passeio reduziu muito, após as crises do petróleo, mas estima-se que haja ainda potencial substancial para melhora, até cerca de metade do nível atual. Para os ônibus, ela é bem maior do que para os carros, pois o formato de paralelepípedo longo prejudica sua aerodinâmica. Para os caminhões o arrasto é ainda maior, pois normalmente o chassi, baú e reboques são projetados e fabricados de forma independente e sem integração de formatos.
Caminhões conseguem reduzir o arrasto com defletores que diminuem o impacto do ar com superfícies planas, cobertura dos espaços entre a cabine e o baú e entre os reboques, mas o uso desses assessórios no Brasil ainda é pequeno.
Reduzir o arrasto interessa ao proprietário do veículo pela economia de combustível e é da maior importância para o país. Melhorar o arrasto para os ônibus e caminhões reduz o consumo de diesel nas estradas onde as velocidades médias são elevadas. Seria a forma mais rápida e de menor custo para o Brasil atingir as metas de redução de emissões, comprometidas internacionalmente, pois 2/3 do diesel usado em transportes é para fins rodoviários.
Conseguir resultados traz desafios práticos, tanto para o estabelecimento de um conjunto de normas que incentive a redução do arrasto para os veículos, quanto para as áreas científicas e acadêmicas; a definição das formas e superfícies adequadas, por exemplo, dependem de complexos programas de simulação, túneis de vento e processos de tentativas e erros. Não é de admirar que essa área ainda proporcione surpresas: contrariando o senso comum, superfícies não lisas, como das bolas de golfe, e da pele dos tubarões, também reduzem o arrasto e materiais com esse objetivo começam a ser oferecidos para a cobertura de veículos.
Criado em 1994, o INEE desenvolve ações para eliminar imperfeições de mercado que levam ao desperdício de todas as formas de energia. Iniciou a discussão de temas hoje incorporados às políticas energéticas tais como a produção de excedentes de energia elétrica nas usinas de cana, a geração distribuída, incentivos à cogeração e às ESCOs (empresas que investem para aumentar a eficiência de terceiros e se remuneram com a redução das despesas com energia). Uma importante linha de trabalho tem sido a proposta de aumentar a eletrificação do acionamento veicular, mais eficiente e menos poluidor. Reduzir as forças devidas à resistência do ar vai constituir nova e importante iniciativa para a redução das perdas energéticas nos transportes, sobretudos os pesados.